1) Recentemente, você esteve em cartaz como a Velha Surda em “Silvio Santos – Vem Aí” que precisou interromper sua temporada em 2020 devido a pandemia da Covid-19 e só retomou quase 1 ano e meio depois e ano que vem retorna no palco do Teatro Raul Cortez, em São Paulo. Como foi ter que “guardar” o personagem e trazê-lo depois de tanto tempo?
Foi uma angústia se perceber interrompendo uma temporada depois de um longo processo de criação. O processo de montagem de Silvio foi tão divertido quanto é sua execução, e quando recebemos a notícia de ter que parar e sem previsão de retorno foi um balde de água fria. Porém, quando soubemos do retorno, o desejo, a ansiedade, a euforia tiveram a mesma intensidade e voltamos com tanta sede que o espetáculo foi um sucesso nessa nossa primeira temporada e não será diferente no Raul Cortez.
2) Ainda em “Silvio Santos – Vem Aí” você interpreta uma personagem que originalmente era interpretada pelo ator Roni Rios. A construção de um papel que mesmo não sendo real, mas fruto da concepção de outra pessoa, é mais difícil?
Sempre! Ainda mais se tratando de um personagem de sucesso como é a Velha Surda. Não há quem não conheça a personagem e por esse motivo há uma cobrança para que a reprodução seja digna. O público sempre espera ver aquela mesma personagem que está na sua memória, então a responsabilidade é enorme.

3) Durante a temporada aconteceu alguma história engraçada sua nos bastidores? Conta pra gente!
Nos bastidores é uma “bagaceira”. Estamos sempre nos divertindo uns com os outros. Não me aconteceu nada especificamente, mas todos os dias estamos brincando quando não estamos em cena. O gostoso é que isso ajuda para a execução do espetáculo, pois entramos em cena com muita energia.
4) Nós também já podemos te assistir em outros grandes espetáculos como “Hebe – O Musical” e “Mamonas Assassinas”, onde em ambos você interpretou personagens biográficos. O que muda nesse caso?
A liberdade de criar. Quando criamos um personagem fictício temos a liberdade de explorar, diferente de um biográfico que você se limita em respeitar a personalidade daquela pessoa que está interpretando. Também é possível explorar esse caminho, porém com muito cuidado para não ultrapassar a barreira do bom senso.

5) E além do Teatro Musical você participou da série de Miguel Falabella “Eu, a Vó e a Boi” interpretando Sapore, uma travesti elegante e sorridente que foi concebida especialmente pra você. Como isso aconteceu?
Segundo o Miguel, o convite surgiu de uma gargalhada minha. Quando fazíamos “Os Produtores”. Eu tenho o riso frouxo, e um dia, quase para acabar a peça, Miguel tinha que sair de uma cena e correr para colocar uma roupa de presidiário, era o tempo que eu e meus amigos do coro dançavamos vestidos também de presidiários. O Miguel entra em cena, e quando percebi ele estava tentando colocar a calça como camisa, enfiando os braços nas pernas da mesma. Quando ele percebeu, fez um de seus improvisos que eu solei numa gargalhada. Miguel me disse que nunca mais esqueceu aquela minha gargalhada e por isso quis me dar essa personagem. Claro que ele não disse com essas palavras, mas foi o que entendi. Quando li a Sapore, vi que ela representava um outro lugar. Não era uma travesti de estereótipos, era por sinal a mais sensata no meio de tantos personagens loucos na série.

6) Depois de já ter trabalhado nos palcos e na televisão, se eu te pedisse pra escolher um formato para dedicar-se pelo resto da carreira, você conseguiria?
Impossível! E eu ainda não realizei todos os meus desejos que são muitos. Ainda quero fazer cinema, séries, novelas… vish! Quero tudo!
7) Só ao observar seu currículo sabemos, claramente, que existe uma veia cômica em você. Quando percebeu que tinha uma certa facilidade com a comédia?
A gente não percebe, a gente vai fazendo.
Fazer comédia é prática! Não se aprende o ‘fazer’ rir, se entende! É quase um sentimento que vem, uma respiração que você intuitivamente sabe que tem que dar, para na sequência fazer uma plateia inteira vir abaixo de gargalhar.
8) Mas nem só de humor se vive… Você também é o idealizador e roteirista da peça “Aos Domingos” que aborda outras camadas mais sensíveis. Foi justamente para quebrar o estigma do Adriano Tunes comediante que o espetáculo surgiu?
Estou sempre desejando algo novo, diferente. Sou inquieto neste sentido. O espetáculo surgiu do desejo de fazer algo diferente, independente do humor. Precisamos nos desafiar para adquirir bagagem e aprendizado. Além disso, é muito prazeroso sair da zona de conforto. Me cobro muito!
9) Se pudesse dar um conselho pro Adriano do passado, tendo seus primeiros contatos com as artes, o que você diria?
É isso! está no caminho certo! Vai ser difícil e demorado, mas será sólido.
10) E um conselho para o Adriano de hoje?
Continue a nadar! (rs)
SERVIÇO:
SILVIO SANTOS VEM AÍ!
Temporada: 21 de janeiro a 20 de março de 2022
Sessões: sextas-feiras às 21h00, sábados às 16h00 e 20h00, domingos às 15h00 e 19h00
Duração do espetáculo: 2 horas e 15 minutos (com 15 minutos de intervalo)
Abertura das vendas: 22 de novembro de 2021
Setores e preços: Setor I R$150,00 – Setor 2 R$120,00 – Setor 3 75,00
Link de vendas on-line: www.sympla.com.br
Formas de pagamento: Dinheiro, Cartão de débito e Cartão de crédito.