Um olhar sobre “Billy Elliot – O Musical”: um lindo retrato da importante leveza do ser

Após conquistar plateias ao redor do globo, ‘’Billy Elliot – O Musical’’ aporta no Brasil nessa sexta (15) no Teatro Alfa. 

Produzido pelo Atelier de Cultura (De “A Madrinha Embriagada”, ‘’O Homem de La Mancha’’, “A Noviça Rebelde” ‘’Annie’’), essa montagem de primeira linha consegue transmitir muito bem os temas da produção original, dialogando diretamente sobre amor, aceitação e sempre acreditar em seus sonhos.

Baseado em um filme de 2000 (disponível na Netflix Brasil), a trama gira em torno do pequeno Billy Elliot, um jovem em meio a greve dos mineradores britânicos em meados dos anos 80. Ele é órfão de mãe, mas mora com o pai, a vó e o irmão. Billy faz boxe com o amigo Michael, mas em um determinado dia ele acaba vendo uma aula de balé da Sra. Wilkinson, criando a partir disso a sua relação com a dança. Dirigido por Stephen Daldry (futuro diretor de ‘’Wicked’’) e escrito por Lee Hall, a versão teatral teve também o envolvimento de ambos, junto de Elton John ajudando a compor a trilha.

É a segunda vez do espetáculo no Brasil, porém a primeira vez que tem uma versão brasileira. Em 2013, a turnê mundial passou por 3 semanas em São Paulo, no Credicard Hall. Confira abaixo a review do espetáculo por Madson Melo.

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Elenco durante os agradecimentos finais. Foto: Victor Miranda

À primeira vista, ao entrar no teatro, com um set mais monocromático e com uma história de fundo que soa não tão convidativa, ‘’Billy Elliot’’ ameaça ser um eterno marasmo, mas engana-se quem pensa assim, bastando somente alguns minutos para se ver tragado em um mundo que, literalmente, te move.

Um dos maiores trunfos do musical é mostrar o balanço entre esse lado mais rústico dos mineradores e o mais sensível do poder da dança, muito bem exemplificado no número de ‘’Solidariedade’’, o melhor da peça, onde vemos a disputa entre a polícia e os mineradores na mesma proporção que vamos observando a progressão de Billy nas aulas balé. Esse número também expressa muito bem a força da estupenda coreografia (assinada na montagem por Barnaby Meredith e Nikki Belsher), peça chave da produção e que enche os olhos do espectador tamanha a dificuldade de execução, mas mais ainda pela precisão na finalização da mesma.

A utilização dessa dualidade do bruto com a leveza é inteligentemente utilizada em todos os aspectos do show. Desde o palco totalmente revestido como se fosse as madeiras que seguram as minas, mas também se faz presente na forma subversiva que a produção trabalha a sensibilidade na figura do homem, algo sempre visto de forma negativa em sociedade. É necessário que as figuras masculinas de Billy, seu pai e irmão, sejam a síntese de uma ‘’masculinidade tóxica’’ dado o meio em que viveram para que ele consiga buscar esse lado menos ‘’truculento’’ na dança. E nisso, os trabalhos de Carmo Dalla Vecchia e Beto Sargentelli são precisos para criar essa imagem. Sargentelli, aliás, converge toda a raiva de forma bem humana e, até por isso, o espectador chegar a ver seu Tony como vilão, mas ele é apenas mais um produto de seu meio.

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Porém, nem só de rancor vive a peça e a presença de Sara Sarres, mesmo que com tempo limitado de palco, é suficiente para emanar o amor necessário para que nossos corações sejam aquecidos, a atriz referência no teatro musical consegue fazer muito de pouco, deixando a plateia em prantos com a cena envolvendo uma carta.

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Sara Sarres durante os agradecimentos finais – Foto: Victor Miranda

Vanessa Costa como Mrs. Wilkinson tenta sempre equilibrar seu lado sem paciência com a crescente do sentimento que desenvolve com o jovem Billy, admito que ela me ganhou já em seu primeiro solo, mostrando uma persona debochada, mas muito cativante em ‘’Brilhar’’.

Os momentos mais divertidos ficam por conta de Inah de Carvalho e Paulo Gomes, ela é a avó malandra que sempre tem resposta para tudo, já ele rouba a cena com seu número musical ainda no primeiro ato, deixando a plateia ensandecida e aplaudindo de pé a forma tão exagerada que ele decide utilizar para dar vida a Michael, o amigo claramente gay de Billy. Aliás, fico feliz que esse tipo de representação esteja sendo feita no palco sem qualquer concessão para a personagem.

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Pelo que foi descrito já dá para perceber a forma dramática que o papel protagonista desse musical requer, mas não só isso, o projeto é totalmente ligado ao trabalho de corpo da personagem e para isso requer que o ator não só cante, mas dance – tanto balé quanto sapateado. É, basicamente, um trabalho hercúleo para uma criança, e até por eu ter visto o mesmo em seu primeiro ensaio aberto, Tiago Fernandes, interprete de Billy, estava compreensivelmente nervoso por lidar com algo de tanta magnitude, mas fica claro que a medida que ele for fazendo novas sessões, mais confiante em seu papel ele ficará.

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O jovem é especialmente promissor em seu trabalho corporal, esbelto em seu trabalho com balé e já confiante em seu sapateado. E por muitas vezes a personalidade mais apreensiva do jovem se encaixava perfeitamente com a situação pelo qual o personagem estava passando, daqueles momentos que o ator precisa usar tudo a seu favor, até os fatores contra.

Entre cenas de encher os olhos, uma poderosa e belamente versionada trilha por Mariana Elisabetsky Victor Mühlethaler, acompanhada de uma orquestra linda regida por Daniel Rocha, a nova concepção desenvolvida especialmente para a montagem brasileira e direção precisa de John Stefaniuk, com direção associada de Floriano Nogueira, uma produção impecável de Carlos Cavalcanti, Cleto Baccic Vinícius Munhoz do Atelier de Cultura, além de um elenco com bastante talento, empenho e garra, a experiência que fica de ‘’Billy Elliot’’ é que se desafiar é preciso, pois somente a partir daí, seremos capazes de atingirmos nosso ápice, de estarmos total e completamente elétricos.

Avaliação: ★★★★ e 1/2

Papo com elenco e diretor do espetáculo

Durante a coletiva de imprensa do espetáculo, nosso repórter Higor Valentini falou um pouco com o diretor da montagem, John Stefaniuk e com os atores Sara Sarres, Beto Sargentelli, Richard Marques Pedro Sousa. Confira abaixo:

“Billy Elliot – O Musical” estreia no dia 15 de março, no Teatro Alfa. As sessões acontecem às sextas-feiras, às 20h30, aos sábados, às 15h e às 20h e aos domingos, às 14h e à 18h30.

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Preços:

Sextas-feiras:
Setor Premium – R$ 260 (Inteira) / R$ 130 (Meia-entrada)
Setor VIP – R$ 180 (Inteira) / R$ 90 (Meia-entrada)
Plateia – R$ 150 (Inteira) / R$ 75 (Meia-entrada)
Balcão 1 – R$ 100 (Inteira) / R$ 50 (Meia-entrada)
Balcão 2 – R$ 75 (Inteira) / R$ 37,50 (Meia-entrada)

Sábados e domingos:
Setor Premium – R$ 310 (Inteira) / R$ 155 (Meia-entrada)
Setor VIP – R$ 250 (Inteira) / R$ 125 (Meia-entrada)
Plateia – R$ 180 (Inteira) / R$ 90 (Meia-entrada)
Balcão 1 – R$ 100 (Inteira) / R$ 50 (Meia-entrada)
Balcão 2 – R$ 75 (Inteira) / R$ 37,50 (Meia-entrada)

Meia entrada válida para estudantes, crianças de 03 a 12 anos, idosos, professores da rede pública estadual e municipais e portadores de necessidades especiais.

Vendas:

Ingresso Rápido

Telefone:: 11 5693-4000 ou 0300 789-3377.

Bilheteria: De segunda a sábado, das 11h às 19h e aos domingos das 11h às 17h.

Como chegar:

Endereço: O Teatro Alfa fica localizado na Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro.

Estacionamento: Possui estacionamento próprio. R$ 45 (valet com manobrista) ou R$ 31 (self-park).

Transporte público: A estação Santo Amaro (Linha 5 – Lilás e Linha 9 – Esmeralda) é a mais próxima (15 min de caminhada).

 

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