Depois do “Just 4 Show”, que lotou o Teatro Porto Seguro em setembro, nova aposta da O Alto Mar Produções é o drama “A Audição”, que conta com a estrela dos musicais Kiara Sasso junto a Manu Littiéry (de “O Príncipe DesEncantado”) no elenco e direção de Lázaro Menezes.
“A Audição”, escrita pelo britânico James Johnson coloca frente a frente uma diretora e uma atriz, em um encontro de tensões e desafios que questiona e debate este momento cotidiano de tantas pessoas no meio artístico.
Kiara interpreta Stella, diretora que conduz e apresenta ao público uma audição não muito comum e desafia a atriz Laura, interpretada por Manu a embarcar no auto conhecimento. Do lado oposto, a atriz sob constante análise se perturba em seu lugar vulnerável ao obedecer comandos cada vez mais absurdos daquela que parece ser sua maior ponte com a oportunidade certa. Enquanto Stella afirma que o ator por excelência precisa estar preparado para dar a alma ao seu diretor, Laura começa a questionar os métodos e objetivos da diretora, levando a trama para rumos inesperados.
A estreia aconteceu no dia 24 de outubro no Espaço Parlapatões e tem temporada até 6 de dezembro, sempre as terças e quartas às 21 horas e nós fomos conferir esse espetáculo e escrevemos aqui pra vocês o que achamos
RESENHA
“Noite de teatro teatrãooooo.
Quarta-feira feira à noite. Praça Roosevelt. Em meio a teatros, jovens boêmios, artistas e aspirantes a artistas assisti um espetáculo um tanto intenso. Essa é a palavra mais propícia para resumir essa peça.
A classificação indicativa de 16 anos já remete que o conteúdo abordado não será dos mais simples, mas eu diria que não passa de uma busca interna do autoconhecimento. Até onde você iria por um desejo? Quem nós somos a partir do que vivemos e onde almejamos chegar?
Pra interpretar um texto de uma carga dramática tão intensa e ao mesmo tempo delicada, em torno do pessoal de cada personagem, era necessário um elenco afiado. Manu Littiéry e Kiara Sasso são Laura e Stella que se doam em cena o tanto que a atriz tenta e o tanto que a diretora deseja. As duas são uns monstros em cena. Eu quase levantei da minha poltrona e fui dar um tapa na cara de uma delas tamanho ódio que fiquei. Se algo pode ser mudado é com o passar das apresentações ficar cada vez melhor. Cada vez mais visceral essa atuação. E eu torço muito pra isso!
O cenário é muito inteligente. O próprio teatro foi usado em favor da cena. Afinal, a peça se passa durante uma audição e, no caso dessa produção, num teatro. O palco é despido de cortinas e rotundas, fazendo com que a atuação fique mais íntima do público. Eu, pelo menos, me senti muito mais próximo da realidade da cena assim.
A direção e luz trabalham em foco do jogo em que já entre as atrizes. Lázaro Menezes conseguiu preencher todo aquele palco com apenas duas atrizes e extrair o lado perverso, íntimo e forte de cada uma.
Se “atuar é essencialmente mentir para o público” mintam mais pra mim! Porque até eu saí com vontade de não desistir tão fácil dos meus sonhos e buscar dentro de mim, mesmo que no mais profundo, aquela essência de dar o meu melhor e ser quem sou. Um EU cheio de euforia, sentimento, paranóia, confiança…
Vida longa a “A Audição”.
(Higor Valentini)
Veja abaixo algumas fotos de divulgação: