Bruno Sigrist é destaque em série da Netflix sobre tragédia na Boate Kiss

Conhecido por integrar o elenco de grandes musicais, o ator – que já fez sucesso internacional na série “Julie e os Fantasmas” – volta a brilhar nas telas como o angatonista Dedé de “Todo Dia a Mesma Noite”.

“O Despertar da Primavera”, “Mudança de Hábito”, “Cinderella de Rodgers e Hammerstein”, “Rent”, “Les Misérables”, “Escola do Rock – O Musical”, “Anastasia” e tantos outros musicais fazem parte do currículo do ator Bruno Sigrist. Provavelemente os leitores do Mundo dos Musicais já devem ter assistido algum desses espetáculos e conferido de perto a versatilidade e talento do ator. Este ano, para além dos palcos, o campinense de 34 anos voltou a se destacar internacionalmente pela participação como Dedé na série “Todo Dia a Mesma Noite”, da Netflix. Conversamos com Sigrist, que contou um pouco mais sobre sua atuação.

A tragédia da Boate Kiss, que completou 10 anos em 2023, está na memória de todo brasileiro. A notícia pautou os principais jornais do Brasil e do mundo e ficou marcada como a 3º maior desastre em casas noturnas do mundo. “Mergulhar no livro da Daniela Arbex [no qual a série foi baseada] e depois nos roteiros genialmente escritos me fez ter a dimensão da dor e da brutalidade que aquela noite de 27 de janeiro de 2013 foi para tanta gente, tantas famílias. Para aqueles de nós que não morávamos no Rio Grande do Sul na época, parecia apenas uma história. Hoje, consigo me colocar no lugar daquelas famílias e acho que sinto um pouco da dor delas, mesmo fazendo um personagem antagônico”, revela. “É a maravilha de se fazer arte, ser inundando por mundos alheios aos seus e os levar consigo para sempre”, acrescenta.

Bruno interpretou pela primeira vez um personagem real em “Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz” , quando deu vida a Guto Goffi, o baterista do Barão Vermelho. Desta vez, além de se inspirar em alguém que realmente existiu, a personagem é o antagonista da trama. “[…] há uma dose grande de responsabilidade. O desafio do Dedé, em específico, por ter sido inspirado em um dos donos da boate, foi entender e me apropriar da lógica que ele tem sobre o ocorrido. Não posso julgar – ou ter dó – de um personagem, mas é preciso entender e embarcar nisso”, comenta. “Com Guto Goffi era bem mais tranquilo, com o Barão Vermelho meio que tudo era festa.”, acrescenta.

Em 2011, Bruno ficou conhecido pelo grande público ao participar da série “Julie e os Fantasmas” como o fantasma Daniel. “[a série] chegou em muitos países, mas querendo ou não era um público restrito ao infanto-juvenil”, comenta. Estas não foram as únicas oportunidades de vermos sua atuação fora dos palcos. “De certa forma, nunca me afastei das telas”, relembra o ator, que já participou de produções na HBO, Globo, Space e Amazon Prime. Apesar disso, estrear na Netflix ainda traz a sensação do novo. “Algo com a carga dramática e que ressoa no público tanto quanto [“Todo Dia a Mesma Noite”] é realmente novidade”, conta. “Recebo mensagens em idiomas que nem sei quais são! Estou tendo que me acostumar com mensagens do tipo “adorei você na série, mas tenho raiva do personagem!”, conta sobre o sucesso da série, que se manteve no top 6 mundial da Netflix desde o seu lançamento, no último dia 25 de janeiro. “Pensar que o mundo inteiro está ficando ciente dessa história tão marcante que ainda carece de justiça e que isso pode ajudar que ela seja feita me é motivo de muito orgulho”.

Já o sotaque gaúcho – bem diferente do original campinense do ator – foi mais fácil. O segredo foi justamente o teatro musical. “Exercitei tanto minha versatilidade vocal ao longo desses 13 musicais que consegui encarar o sotaque com certa facilidade”, revela. “Foquei muito na musicalidade daquela fala, no ‘cantar’ peculiar do sotaque gaúcho. Tivemos coach específico durante a preparação e um supervisor no set, o que ajudou muito, mas a noção musical foi de muita ajuda”.

“Todo Dia a Mesma Noite”, produzida pela Netflix em parceria com a Morena Filmes, é baseada no livro de Daniela Arbex e foi adaptada por Gustavo Liptsztein e dirigida por Júlia Rezende e Carol Minêm. A série foi lançada 10 anos após o incêndio na Boate Kiss que matou 242 pessoas e deixou 636 gravemente feridos após o uso indevido de um sinalizador pelo vocalista da banda que se apresentava no local. Em 5 episódios, a obra se propõe a retratar algumas histórias encerradas naquela noite, o acidente, as investigações e o desfecho do caso.

Além de antagonizar em “Todo Dia a Mesma Noite”, Bruno Sigrist (@brunosigrist no Instagram) está em cartaz como swing no espetáculo “Anastasia”, no Teatro Renault.

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